domingo, 3 de outubro de 2010

O circo não pode parar



"Quem tem mais? Quem dá mais? Ops! Entre no circo e divirta-se!"
O mestre de cerimônia comanda o espetáculo de longe, mas ao mesmo tempo está muito perto. Em seu lugar, sua herdeira, a contorcionista Rosa abre as cortinas do circo Macarrão e faz a festa brilhar. Ao fazer isto, os artistas surgem acompanhados de uma luz forte,colorida e se empenham o máximo que podem para ganhar uma boa comissão, já que é grande a quantidade de pessoas que abriram mão de seu tempo para assistir as atrações (seja para analisar os movimentos de cada um ou simplesmente deixar se iludir pelos mágicos).

Cada um dos artistas tenta ser melhor que o outro, disputando para ser eleito o melhor na apresentação da noite. O velho malabarista Jacques passou alguns dias impossibilitado de arrancar sorrisos do público, mas agora ele volta e parece ser duro na queda. O jovem Binno dá continuação à sua carreira de cuspidor de fogo. E Rosa tenta se contorcer o melhor que pode para ganhar mais aplausos da plateia, já que seus "companheiros" estão cada vez melhor.

Hoje saberemos quem será o preferido e, consequentemente abrirá o espetáculo nos próximos meses. E aí? Algum palpite?

sábado, 19 de junho de 2010

Cirurgia de Lipoaspiração?

Recebi esse texto por e-mail e não poderia deixar de colocá-lo aqui:

"Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?

Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto-imagem. Religião é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo,sentimento é bobagem. Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção.

Roubar pode, envelhecer não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.

Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa. Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas…
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.

Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.

'Cuide bem do seu amor, seja ele quem for'".


Herbert Viana



Com uma sensatez inigualável, esse cara no qual me fascina escreveu esse texto que, para muitos, assemelha-se à uma boa alfinetada. Para mim também, mas em parte.

Magruchet é meu apelido de infância, criado pelo primo que eu mais amo, o Renato. Isso se deve ao fato de que eu era, segundo ele, gorda e magra ao mesmo tempo(bleco! =p). Mas enfim, sempre gostei do meu corpo e, sinceramente, nunca precisei de dieta para emagrecer. Hoje, eu preciso de uma dieta para engordar. Entretanto, perdia -ainda perco- parte do meu tempo analisando uma sobrancelha mal feita aqui, uma gordurinha ali, ou uma celulite indevida (ao contrário do que você está pensando, eu não sou fútil).

Diante de tanta reclamação mesquinha, ainda consigo enxergar que não só de beleza vive a mulher - e de uns tempos para cá o homem. E agradeço a Deus por ser uma pessoa saudável. Ele quis assim, e é assim que vai ser. Apesar disto, é revoltante ver tantos jovens virando bonecos somente para atender e se manter na indústria da moda. São meninas e meninos que não se conformam com o próprio corpo... pessoas de meia-idade agindo como se tivessem 18 anos... dinheiro jogado fora e discernimento zero.

Como disse Herbert, "(...)Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva".

Fica a ideia. ;)

Ps: Me perdoem por este post rápido. Passei a semana inteira lendo e escrevendo textos para os trabalhos das faculdades. Prometo ser mais prolixa na próxima vez.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma paixão




Suor, esforço, dedicação, desejo, prazer, paixão. Há pouco mais de três anos descobri uma das coisas que fariam a minha vida se tornar mais interessante: a dança de salão. Já tive aula de forró, calypso, soltinho, tecnobrega, samba de gafieira, tango(só uma, mas tive), salsa e zouk. Mas estes dois últimos ritmos se tornaram minhas paixões. A intensidade de uma e a sensualidade de outra fizeram com que eu me dedicasse cada vez mais a essa arte. Só estive ausente durante o período de vestibular e nestes últimos dias, devido a falta de tempo.

Durante estes prazerosos anos como "dançarina"(apelido concedido a mim pelos amigos,rs), notei o quão a dança de salão ainda sofre com certos preconceitos. Mas de forma alguma isso me afetou. Na verdade, me fez lutar contra eles. Tomo como exemplo o caso de um amigo que é, de certa forma, antiquado demais, e ainda acredita que homem que faz dança de salão é homossexual. Para quebrar este mito, indiquei a ele o meu filme preferido: Dirty Dancing 2, que conta a história de um casal que se apaixona durante a Revolução de Cuba, movidos à pura salsa cubana. Depois de MUITA insistência(leia-se: pelo msn) ele fez o download do filme mas enrolou para assisti-lo. Até que na semana passada eu fui mais persistente ainda e ele finalmente cedeu. Acreditem se quiser, mas ele gostou! Disse que o filme é "beeeeeeeeeem legal". Rs. Demorou muito, mas ele assumiu. Quem sabe daqui a um tempo ele não dá início às aulas de dança? Minha primeira tentativa foi bem sucedida, pode ser que a segunda também dê certo. Vou continuar firme e forte neste caso. =D

Em meio a persistência com o meu amigo, fiquei com mais saudades ainda dos meus dois amados e gostosos ritmos. Neste fim de semana, ao invés de estudar para um trabalho da faculdade, corri para a aula de dança para tirar o atraso. Sentir a música, desestressar e não pensar em mais nada. É o que todo mundo deveria vivenciar.

Ps: Só falta eu ter uma aula de salsa para matar de vez o meu desejo. ;)
Ps²: Meu amigo não ficará nem um pouco feliz por ter citado o seu caso aqui. Só não ficará mais por não ter dito o seu nome ou sua origem. Mas foi tudo por uma boa causa,né? Só tenho risadas a dar. =]

terça-feira, 27 de abril de 2010

Milton e o concorrente

"Mílton ainda não abriu a sua loja, mas o concorrente já abriu a dele; e já está anunciando, já está vendendo, já está liquidando a preços abaixo do custo. Mílton ainda está na cama, ao lado da amante, desta mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática; o concorrente já está de pé, alerta, atrás do balcão.


A esposa — fiel companheira de tantos anos — está ao seu lado, alerta também. Mílton ainda não fez o desjejum (desjejum? Um cigarro, um pouco de vinho, isto é desjejum?) — o concorrente já tomou suco de laranja, já comeu ovo, torrada, queijo, já sorveu uma grande xícara de café com leite. Já está nutrido.


Mílton ainda está nu, o concorrente já se apresenta elegantemente vestido. Mílton mal abriu os olhos, o concorrente já leu os jornais da manhã, já está a par das cotações da bolsa e das tendências do mercado. Mílton ainda não disse uma palavra, o concorrente já falou com clientes, com figurões da política, com o fiscal amigo, com os fornecedores.


Mílton ainda está no subúrbio; o concorrente, vencendo todos os problemas do trânsito, já chegou ao centro da cidade, já está solidamente instalado no seu prédio próprio. Mílton ainda não sabe se o dia é chuvoso, ou de sol, o concorrente já está seguramente informado de que vão subir os preços dos artigos de couro. Mílton ainda não viu os filhos (sem falar da esposa, de quem está separado); o concorrente já criou as filhas, já formou-as em Direito e Química, já as casou, já tem netos.


Milton ainda não começou a viver.
O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados — já está morrendo, enfim".


Moacyr Scliar


Creio que a maioria de nós encarna fielmente o papel do Concorrente, passando ao menos vinte horas por dia se preocupando com seus compromissos, seus negócios, seus estudos. Na verdade, este ser capitalista simplesmente esquece de viver, ou melhor: ele vive para morrer. As outras quatro horas que deveriam ser de descanso são substituídas, ao meu ver, por sonhos(!) em que até aí a batalha continua firme e forte. Outras quatro horas deveriam ser adicionadas para que o dia se tornasse dia.

Mas para quê tanta obsessão em cumprir objetivos e metas? Isso faz parte da vida mas EU não a coloco como essencial. Entretanto, seria hipócrita se dissesse que incorporo somente um ou outro personagem deste conto. O nosso querido Milton vive do jeito que acha que deve viver. De qualquer forma, ele consegue sentir os minutos de sua pacata vida, enquanto o homem capitalista faz do seu presente o futuro.

Não admito que sejamos totalmente um ou outro, mas um pouco de cada. Enquanto o primeiro abriu mão de tudo, sem se preocupar com o que até então deveria se preocupar, o segundo fez tudo em excesso, com determinação e disciplina. O "Milton ainda não começou a viver", mas também não faça só como ele que, apesar de suas vantagens, deixou o tempo passar sem sentir um pouco do gostinho da vida do seu concorrente.

Ps: Sem idéia do que postar aqui, pedi ajuda ao meu amigo Victor Spíndola( http://victorspindola.blogspot.com ) para que me desse uma luz. Ele, então, me desafiou a escrever algo a partir deste conto de Moacyr Scliar, mas não colocou fé na minha capacidade. Cá está o post, bom ou ruim, mas agradeço à ele por ter me dado tal sugestão, pois o conto é bastante interessante.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Bobos da corte

Quem vê de longe acha que é só mais uma manifestação a favor do aumento de salários etc. e tal. É sim, mas esta greve na Universidade Estadual do Maranhão promovida pelos seus servidores públicos já está dando o que falar. Enquanto nós, alunos, ficamos sem aulas, os manifestantes deveriam realmente correr atrás de seus direitos, ao invés de tomar uma cervejinha e ligar os sons de seus carros no volume máximo para escutar Ivete Sangalo, Babado Novo, ou coisa do tipo na porta da faculdade. Poderíamos passar até uma semana sem aula em prol da resolução deste problema. Mas vejo que isso é só desculpa e titia Rose não vai assinar papel algum. Primeiro porque ela tem mais o que fazer (prefiro não sugerir o que), segundo porque ela não possui nenhum parente estudando ali para se revoltar com tal situação.

Essa greve só não foi tão divulgada porque os donos da TV Mirante são ninguém mais ninguém menos que os Sarney. E é óbvio que não sujariam a imagem da tia. Até porque estamos às vésperas das eleições. Detalhe: até o dia 3 de abril Roseana não poderá assinar nada, já que seis meses antes das eleições qualquer benefício para funcionário é considerado inconstitucional. Desta forma, após esta data não há lógica alguma continuar com tal reivindicação, e quem sairá perdendo serão os alunos. Creio que ela seria pouco inteligente se não assinasse tal documento, pois perderia votos dos estudantes e funcionários da UEMA. Assinando ou não,o dinheiro público continua vagando por aí, e nós, alunos, acabamos por fazer papel de bobo, sendo prejudicados com o início de mais uma greve estadual.